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O escândalo que assombra Netanyahu

14 de fevereiro de 2018

Como o primeiro-ministro de Israel se viu enredado em mais um caso de suspeita de corrupção, desta vez envolvendo a poderosa siderúrgica alemã ThyssenKrupp.

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Israel Benjamin Netanyahu
O primeiro-ministro Benjamin NetanyahuFoto: picture-alliance/AP Photo/R. Zvulun

Os personagens: Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro mais longevo de Israel, e uma das maiores corporações industriais da Alemanha. E agora esses dois foram flagrados em um escândalo que pode derrubar o governo israelense.

Dois homens próximos a Netanyahu são suspeitos de terem feito lobby para que funcionários do setor de defesa israelense optassem pela compra de um modelo de submarino produzido pelo braço naval da gigante do setor siderúrgico ThyssenKrupp, baseada em Essen, no oeste alemão. Os israelenses têm sido ao longo dos anos compradores fiéis de submarinos alemães nucleares e não nucleares

A história começou em outubro passado, quando o governo alemão aprovou um acordo de 2 bilhões de euros (8 bilhões de reais) para vender três submarinos Dolphin e quatro corvetas da ThyssenKrupp para a Marinha israelense.

Berlim chegou a congelar o acordo por três meses, enquanto o caso gerou escândalo em Israel, mas acabou por aprová-lo. Em Israel, a investigação – chamada "caso 3000" – envolve funcionários do establishment militar israelense, bem como trabalhadores locais da ThyssenKrupp.

Netanyahu não é, por enquanto, um suspeito no caso, mas duas pessoas do círculo de confiança do primeiro-ministro foram convocadas para depor pela polícia israelense no início de novembro.

Uma dessas pessoas é o enviado diplomático de Netanyahu, Yitzhak Molcho, enquanto o outro é David Shimron, um dos confidentes mais próximos de Netanyahu, que foi descrito pelo jornal Jerusalem Post como  "mão direita" do político.

Shimron não é apenas o advogado de família de Netanyahu (quando jovem ele era próximo do falecido irmão de Netanyahu, Yoni), mas também atuou como representante do agente da ThyssenKrupp em Israel, Miki Ganor, que também é apontado como suspeito no caso.

A mãozinha de Sigmar Gabriel

Em novembro passado, Raviv Drucker, repórter da rede de TV Channel 10 de Israel, revelou que investigadores estavam analisando alegações de que Shimron fez lobby junto a funcionários da Defesa israelense em nome da ThyssenKrupp.

Drucker acompanhou o caso por mais de um ano. Ele sentiu que havia algo errado no negócio com a ThyssenKrupp, especialmente a compra das corvetas, que o governo havia apontava como necessárias para a proteção de seus campos de gás no Mar Mediterrâneo.

"A Marinha israelense queria inicialmente comprar corvetas da Coreia do Sul", disse ele à emissora alemã NDR na semana passada. "Mas eles acabaram mudando de ideia. De repente, os navios necessários eram alemães, mesmo sendo muito maiores e com prazo de entrega mais demorado.”

Miki Ganor é visto como uma figura central nesse escândalo. Agente da ThyssenKrupp em Israel desde 2009, ele virou um delator em julho de 2017, quando foi preso por suspeita de subornar as autoridades do governo israelense para beneficiar a empresa alemã.

Ninguém do lado alemão quer falar muito sobre o tema. Acredita-se que a Chancelaria tenha congelado a autorização do acordo da ThyssenKrupp por três meses no ano passado, mas então o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel, acabou mediando a disputa (talvez para melhorar sua própria relação com Netanyahu, que à época estava abalada).

A ThyseenKrupp disse que está planejando uma investigação interna sobre o caso. A empresa também suspendeu seu contrato com Ganor. O Ministério da Defesa alemão declarou que o episódio é "um caso interno israelense".

Mesmo com tudo isso, o negócio permanece de pé. A construção das quatro corvetas começou no início de fevereiro, nos estaleiros em Kiel, na costa báltica da Alemanha.

Este não é o primeiro caso de corrupção envolvendo Netanyahu ou alguém do seu círculo. Em  2016, ele se viu obrigado a se defender durante as investigações do "caso 1000”, um escândalo envolvendo presentes ofertados por milionários.

Já o "caso 2000” envolve acusações de que o primeiro-ministro fechou um acordo com um magnata da mídia para que a cobertura do governo fosse positiva. Em troca ele teria oferecido prejudicar um jornal concorrente. 

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