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Suspeita de envolvimento de polícias em rapto em Inhambane

31 de maio de 2018

Empresário e também curandeiro foi raptado há cinco meses em Inhambane e até agora a Polícia não tem pistas dos raptores. A família acusa agentes de terem participado no sequestro. PRM promete esclarecer o caso.

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Foto: picture-alliance/dpa/D. Bockwoldt

Francisco Remane, curandeiro e agente económico no distrito de Inhassoro, na província de Inhambane, foi raptado na sua residência em dezembro de 2017. Um membro da família, que não quer ser identificado, disse à DW África que na altura do sequestro os raptores envergavam a farda da polícia e um deles deixou cair o seu crachá que o identificava como Eduardo de Jesus Titosse, agente da polícia.

Mesmo perante esta aparente prova, a Polícia da República de Moçambique (PRM) ainda continua em silêncio. O facto levou a família e alguns membros da comunidade a realizarem uma manifestação diante do comando distrital da PRM de Inhassoro no último final de semana, para exigir justiça e o resgate de Francisco Remane.

Mosambik Protest der Bevölkerung in Inhassoro
Protesto de populares em InhassoroFoto: DW/L. da Conceição

Um dos manifestantes disse que o curandeiro "saiu com agentes da policia e até hoje não voltou." Outro cidadão descontente diz o mesmo: "Vieram agentes da polícia de noite e saíram com ele sem dizer para onde íam e no dia seguinte encontramos o crachá de um agente da polícia que fomos entregar ao comando policial. Lá informaram-nos que no distrito não existe nenhum agente com esse nome, afirmando que ainda estavam a trabalhar no caso."

O mesmo cidadão questiona: "Será que com o nome e o número do crachá não se pode identificar o tal agente para explicar porque o seu documento de identificação foi encontrado no nosso quintal?"

Agentes da Polícia envolvidos?

O chefe das operações no comando distrital da PRM em Inhassoro, Benedito Mazivila, disse que pode ser verdade que um dos agentes da polícia tenha participado neste sequestro, mas acrescentou que o caso está a ser investigado pela direção do pessoal no comando geral em Maputo.

Suspeita de envolvimento de polícias em rapto em Inhambane

Por outro lado, Mazivila lembra que pode haver pessoas de má fé que gostam de manchar a imagem da corporação cometendo crimes utilizando fardamento e identificação da polícia.

"Oxalá que não seja um membro da Polícia, porque hoje em dia muitos desonestos têm aparecido na televisão bem uniformizados como polícias, embora não sejam da corporação. E isso é só para mancharem o nome da instituição. Contudo, estamos a investigar o caso e a direção do pessoal conhece todo o seu efetivo e está a procurar identificar a pessoa", declarou.

Nem as orientações de Nyusi funcionam

Durante um comício popular em Inhassoro em dezembro de 2017, a população falou do caso ao Presidente da República. Na altura, Filipe Nyusi deu o prazo de uma semana à Polícia para esclarecer esse sequestro. Mas até hoje, segundo o comandante provincial, Joaquim Nido, somente foi aberto um processo-crime contra desconhecidos.

"Acreditamos que este caso poderá ser esclarecido, porque há um trabalho coordenado entre a Policia da República de Moçambique e os serviços nacionais de investigação criminal. É verdade que ainda não temos os autores do sequestro identificados, mas estamos no terreno no sentido de descobrir pistas e outras informações", diz otimista Joaquim Nido.

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