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A dura batalha para construir a nova pátria

mw15 de maio de 2004

A realidade encontrada nas colônias nem sempre correspondia às promessas usadas para atrair imigrantes na Alemanha, como revela a saga de August König.

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Anália Eichendorf e August KönigFoto: Portal SBS

Atravessar o Oceano Atlântico era por si só uma aventura cheia de riscos. E o que dizer de colonizar um território ainda virgem? Ao chegar ao Brasil, o sonho de muitos dos imigrantes alemães esbarrava na realidade da falta de infra-estrutura e apoio para a implantação das colônias. Não foram poucos os pioneiros que se rebelaram.

August König foi um deles. O lavrador vivia em Neu Pouldorf (atual Nove Pavlovice), na região da Boêmia, na época parte do Império Austríaco e hoje da República Tcheca. Aos 32 anos, optou por tentar um futuro melhor no Sul do Brasil, através da companhia colonizadora com sede em Hamburgo.

Em 8 de maio de 1873, embarcou no porto alemão no navio Guttenberg com a esposa Therese, de 29 anos, e os filhos August, de quatro, e Maria, de um. Pouco mais de dois meses depois, a família König chegava à Colônia Dona Francisca (Joinville), em Santa Catarina.

Falsas promessas e família reduzida

Descobriram logo terem sido enganados com falsas promessas. A companhia colonizadora não possuía mais terras para distribuir. Juntamente com outros 70 imigrantes, August tomou a iniciativa de subir a serra. Foram abrindo o caminho até o planalto catarinense, onde escolheram um local para se instalar.

O pioneiro retornou a Joinville para buscar a família. No entanto, a esposa e o filho morreram no abrigo da companhia colonizadora. Mas August não podia mais desistir. Pôs a pequena Maria no lombo de uma mula, juntamente com seus pertences, e subiu a serra para a futura São Bento do Sul. Lá, recomeçou sua vida novamente como lavrador, mas depois abriu um salão de baile com bar e a primeira quadra de bolão da cidade.

Revolta de colonos

As dificuldades vividas na colônia revoltavam August. Além da legalização das terras, faltavam igreja, médicos e escola. O imigrante boêmio tornou-se um dos líderes dos colonos que se rebelaram no início de 1875. August e outros dois acabaram indo ao Rio de Janeiro para queixar-se ao governo imperial.

Um mês depois retornavam a São Bento sem ter conseguido "falar com o imperador" e resolver os problemas. No entanto, tiveram a oportunidade de relatar a situação ao embaixador alemão e ao cônsul austríaco, o que não ficou sem conseqüências. A questão chegou à Europa, e o governo da Prússia, assim como outros, conteve a emigração em massa para além-mar.

Mais tarde, August participou de outra revolta contra a direção da colônia de São Bento, reclamando solução para a miséria, a fome e a falta de pagamento dos trabalhadores que construíram a estrada ligando São Bento a Joinville.

Desta vez, o levante ganhou contornos violentos. O grupo fez o diretor da colônia como refém, forçou o comércio a fornecer mantimentos e desceu a serra em direção a Joinville. O movimento foi contido pela polícia. Os líderes da revolta foram presos e condenados a multas.

August casou então com Anália Eichendorf e teve mais cinco filhos, sendo que um deles nasceu morto. Novamente viúvo, o boêmio tomou Anna Wonke como sua terceira esposa, em 1895. August König morreu aos 83 anos em 1924.