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Manuel de Araújo defende cooperação contra calamidades

1 de fevereiro de 2022

Os ciclones e as catástrofes naturais em Moçambique são parte de uma "nova forma de encarar as mudanças climáticas". É o que diz Manuel de Araújo, edil de Quelimane, que foi a Portugal firmar acordos de cooperação. 

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Manuel de Araújo, académico e edil de QuelimaneFoto: DW/R. Loureiro

Moçambique está sob o risco de uma nova depressão. As autoridades nacionais preveem para os próximos dias cenários de mais catástrofes naturais com gravidade, depois da devastação provocada pela tempestade tropical Ana, há pouco menos de quinze dias.

O autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, diz para o surto de eventos mais violentos, de acordo com informações de base científica: "A frequência irá aumentar e provavelmente também a gravidade desses ciclones".  

Na sequência dos episódios frequentes dos últimos anos, Manuel de Araújo alerta para a necessidade das autoridades e a população em geral se preparar no sentido de compreender melhor as causas das catástrofes naturais. Sublinha como imperioso que o país tem de formar pessoas e se equipar melhor, de modo a mitigar os impactos dos ciclones. 

"É algo que não se pode evitar, mas sim é algo com que nós temos que aprender a viver e a conviver. Se formos a ver, nos últimos 20, 30, 40 ou 50 anos tem-se registado a ocorrência cada vez mais frequente de ciclones", constata Araújo.

Mosambik Nampula Überschwmmung nach Tropensturm
Tempestade Ana deixou rasto de destruição em MoçambiqueFoto: S. Lutxeque/DW

Papel dos municípios na gestão de calamidades

Além da recente tempestade tropical Ana, o edil de Quelimane lembra, por exemplo, os ciclones Idai e Kenneth, registados em março e abril de 2019, respetivamente.

Na entrevista que acaba de conceder à DW em Lisboa, o autarca considera que os municípios têm um papel crucial na implementação do plano de gestão das calamidades naturais. E aconselha os seus pares moçambicanos a recolherem ensinamentos e experiências de municípios de outros países, como é o caso de Portugal. 

"Estamos aqui, por exemplo, a reforçar as nossas relações com esses municípios na área do saneamento, do cadastro urbano, na própria área do urbanismo, da arquitetura, da gestão dos assentamentos informais, planificação de novos bairros, novas cidades, planos de estrutura", revela o edil.

Araújo precisa que foi a Portugal para manter contacto com várias instituições, como a Universidade de Coimbra e outras, como também vários municípios (Coimbra, Cantanhede e Águeda, por exemplo), "no sentido de podermos estreitar as relações entre o município de Quelimane e essas entidades para a transmissão e partilha de conhecimentos na gestão de questões ambientais e de mudanças climáticas, na gestão de desastres naturais".

Zonas húmidas ajudam a mitigar o impacto do clima extremo

Trabalho conjunto

O presidente da quarta maior cidade de Moçambique diz que não está no exterior do país a pensar apenas no município de Quelimane, onde já existem formados em todos os bairros os comités de gestão dos desastres naturais. Araújo confirma assim que tem o aval da Associação Nacional dos Municípios para falar em nome das autarquias moçambicanas. 

"E eles deram-me, literalmente, uma carta branca para também poder negociar em nome da Associação Nacional dos Municípios de Moçambique no sentido de estreitarmos as relações com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses, mas também outras entidades que estejam interessadas não só em Portugal como noutros países".

Ajuda internacional

A ajuda internacional, na perspetiva do edil de Quelimane, não é suficiente, mas é importante "porque existem recursos, quer humanos quer financeiros, que podem ser colocados à disposição das entidades moçambicanas para uma melhor perceção, compreensão e estratégia para o combate e mitigação deste tipo de fenómenos e desastres naturais".

Manuel de Araújo deu conta que deverá deslocar-se à França ou Alemanha para também fortalecer a cooperação descentralizada em vários domínios, nomeadamente no que toca à gestão de desastres naturais e das alterações climáticas, em benefício das autarquias e das populações moçambicanas.  

De acrescentar que, face à destruição causada pela tempestade tropical Ana, as ONG Oikos para o Desenvolvimento e Cáritas apelam à solidariedade internacional para auxiliar as populações vítimas.