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Possíveis coalizões de governo em Berlim

Ben Knight | Roselaine Wandscheer
13 de junho de 2017

Desde 1949, a República Federal da Alemanha é governada por coalizões. A peculiaridade é que, conforme as cores atribuídas aos partidos, elas recebem nomes, como "Semáforo" ou "Jamaica". Veja as alianças possíveis.

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Líderes alemães reunidos: Seehofer (CSU), presidente Steinmeier, Merkel (CDU) e Gabriel (SPD)
Líderes alemães reunidos: Seehofer (CSU), presidente Steinmeier, Merkel (CDU) e Gabriel (SPD)Foto: picture-alliance/dpa/R. Jensen

Ainda durante a campanha para as eleições federais, os principais partidos alemães cogitam com que partidos poderiam se coligar. Alianças com legendas radicais de direita ou de esquerda costumam ser descartados. As principais chances são atribuídas aos partidos maiores.

Depois da votação, as negociações entre os partidos podem levar várias semanas, até culminar no "contrato de coalizão", que estabelece a agenda política, inclusive com metas legislativas específicas para os anos do mandato.

Os maiores partidos da Alemanha são a União Democrata Cristã (CDU), a União Social Cristã (CSU, da Baviera e sempre aliada à CDU em nível nacional), o Partido Social Democrata (SPD), o Partido Liberal Democrático (FDP), a Aliança 90/Os Verdes (ou simplesmente Partido Verde), e A Esquerda.

Listamos abaixo as opções mais frequentes, tanto em nível federal quanto nacional, com a ressalva: os cinco principais partidos descartam uma coalizão com o partido de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) .

Grande coalizão ou coalizão rubro-negra

Angela Merkel e Martin Schulz lideram a coalizão de governo
Martin Schulz e Angela Merkel lideram a coalizão de governoFoto: picture alliance/dpa/O. Hoslet

É a aliança entre os dois maiores partidos alemães: a União Democrata Cristã (CDU), simbolizado pela cor preta, com o Partido Social Democrata (SPD), vermelho. Esta coalizão é a que está atualmente no poder em Berlim, liderada pela democrata-cristã Angela Merkel. Dos seus três mandatos até agora como chanceler federal, dois resultaram da aliança com os social-democratas, e o terceiro com os liberais.

Nas negociações por cargos e ministérios, a chefia do governo fica com a legenda mais votada, enquanto o cargo de vice-chanceler federal é ocupado pelo líder do outro partido, que geralmente também é o titular do Ministério do Exterior.

Coalizão aurinegra

Aliança de governo entre a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Liberal Democrático (FDP), de cor amarela. Foi a coalizão que mais tempo esteve no poder na Alemanha pós-guerra. A última vez de 2009 a 2013, com Angela Merkel na chefia do governo. Antes disso, o democrata-cristão Helmut Kohl se manteve no poder coligado com os liberais por nada menos do que cinco mandatos, de 1982 a 1998.

É fácil reconhecer por que esta aliança dá tão certo entre os alemães: a CDU defende a classe média branca conservadora cristã, enquanto os liberal-democratas atraem os jovens empreendedores urbanos que defendem o livre-mercado. Para repetir essa coligação, no entanto, os liberais precisarão crescer muito: no momento eles nem estão representados no Parlamento, por não terem alcançado o mínimo de 5% dos votos na eleição federal de 2013.

Coalizão rubro-verde

De 1998 a 2005, a Alemanha teve uma aliança entre SPD e Partido Verde, liderada pelo social-democrata Gerhard Schröder, como chanceler federal, ao lado do verde Joschka Fischer, então ministro do Exterior. Para a próxima legislatura, no entanto, a coalizão dificilmente vingará, pois enquanto o SPD tem 30% da preferência do eleitorado nas pesquisas, os verdes contam apenas 8%.

No passado, contudo, já houve coalizões rubro-verdes bem-sucedidas: enquanto o SPD tradicionalmente atrai os eleitores da "velha esquerda", trabalhadores e sindicatos, os verdes representam os eleitores urbanos de esquerda. Mas essa fórmula não vem funcionando nos últimos anos principalmente porque em 2003, no governo Schröder, o SPD abandonou suas raízes esquerdistas para impelir reformas trabalhistas neoliberais (a chamada Agenda 2010) e assim conquistar mais eleitores de centro voltados para o empreendedorismo. Dessa maneira o SPD perdeu parte de sua base para o A Esquerda.

Coalizão rubro-rubro-verde

Como a opção SPD-Verdes parece improvável, ambos poderiam convidar o socialista A Esquerda. Essa aliança ainda não é discutida em nível nacional, em parte por A Esquerda ser remanescente do regime totalitário da antiga Alemanha Oriental e também devido a sua retórica populista, como a ameaça de saída da Otan.

Em nível regional, no entanto, a coalizão existe em Berlim desde o fim de 2016 e no estado da Turíngia desde 2014 – ambos no leste da Alemanha, antes território da Alemanha Oriental, onde a afinidade com A Esquerda é maior. Mas devido ao fraco desempenho dos verdes em nível nacional nas últimas eleições, esta pode ser a única opção para os social-democratas terem seu candidato, Martin Schulz, como chefe de governo.

Jamaica: CDU, FDP e Partido Verde

Christian Lindner lidera os liberal-democratas
Christian Lindner lidera os liberal-democratas Foto: Reuters/T. Schmuelgen

A aliança de governo recebe o apelido "Jamaica" devido às cores atribuídas aos partidos constituintes, preto, verde e amarelo, que também se encontram na bandeira daquele país. Entre os partidos de esquerda na Alemanha, os verdes são os que têm maior potencial de atrair os conservadores de centro na Alemanha – ou os menos propensos a atrapalhar os planos econômicos da centro-direita, já que seu eleitorado tradicional não inclui a classe trabalhadora.

Embora nunca tenha constituído um governo em nível federal, esse tipo de coalizão já administrou o estado do Sarre de 2009 a 2012 e vários municípios alemães. No entanto, se as lideranças verdes quiserem essa coalizão, terão de convencer as bases, que geralmente têm inclinação mais esquerdista e preferem a coalizão "semáforo".

Coalizão semáforo: SPD, FDP e Partido Verde

Nessa combinação, o vermelho vem do SPD, o amarelo representa o Partido Liberal Democrático, e a terceira cor, claro, os verdes. Os liberais até podem sofrer dificuldades nessa coligação ao lado de partidos de esquerda, pois defendem o liberalismo econômico.

Coalizão semáforo é formada por SPD, liberais e verdes
Coalizão semáforo é formada por SPD, liberais e verdesFoto: picture-alliance/dpa

Enquanto o SPD em princípio está disposto a se associar a um parceiro menor, que não atrapalhe suas metas principais, o FDP descarta essa possibilidade. No passado, o então líder Guido Westerwelle recusou explicitamente esse tipo de coalizão em nível nacional, alegando que as plataformas dos três partidos são muito diferentes.

Em nível regional, Bremen foi governada por uma coalizão semáforo de 1991 a 1995, e desde 2016 SPD, FDP e Verdes governam o estado da Renânia-Palatinado.

Coalizão Quênia: SPD-CDU-Verdes

Uma coalizão Quênia (também chamada coalizão Afeganistão, cujas cores da bandeira são igualmente vermelho, preto e verde) é uma opção que reúne os dois maiores grupos políticos alemães e representa estabilidade. Como parceiro menor, os verdes poderiam se contentar com o Ministério do Meio Ambiente. Essa aliança é rara, pois geralmente o SPD e o CDU, concentram, juntos mais de 50% dos votos, já garantindo para si a maioria parlamentar. Desde 2016 essa coalizão governa o estado de Saxônia-Anhalt.