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PolíticaArgentina

Eleição na Argentina é marcada por alta abstenção

23 de outubro de 2023

Cerca de 77,6% dos eleitores argentinos votaram no pleito presidencial. É o segundo mais baixo índice de comparecimento desde 1983, ano do retorno da democracia ao país.

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Eleição na Argentina
O pleito de 2023 ocorre em um momento de profundo mal-estar no país, que tem como pano de fundo a crise econômicaFoto: Cristobal Basaure Araya/SOPA/Zuma/picture alliance

O primeiro turno da eleição presidencial deste domingo (22/10) na Argentina registrou o segundo nível de participação mais baixo desde o retorno da democracia ao país, em 1983. Dados finais da Justiça Eleitoral aponta que votaram cerca de 77,6% dos eleitores convocados.

O índice é mais baixo que os 80% de comparecimento no último pleito, em 2019, e ficou pouco acima do recorde negativo da eleição de 2007, quando 76,2% votaram.

O comparecimento deste domingo, porém, foi mais alto do que o registrado nas primárias presidenciais de agosto, quando cerca de 70% dos eleitores votaram.

Inicialmente, pouco após o fechamento das urnas neste domingo, às 18h, a Justiça Eleitoral do país informado que o índice de comparecimento havia sido de 74%, o que configuraria o pior comparecimento em quatro décadas – ou desde o retorno do país à democracia depois de uma ditadura militar iniciada em 1976. Posteriormente, os dados foram atualizados.

O pleito de 2023 ocorre em um momento de profundo mal-estar no país, que tem como pano de fundo a crise econômica crônica da Argentina, o enfraquecimento dos principais grupos políticos que lideraram o governo nas últimas duas décadas e a ascensão nas pesquisas de um populista que se pinta como um "anarcocapitalista" e que vem monopolizando as atenções e provocando o temor de uma ruptura radical no país.

A degradação econômica também levou o atual presidente, o impopular Alberto Fernández, peronista de centro-esquerda, a decidir não concorrer à reeleição.

Economia em frangalhos

Nesse cenário de economia em frangalhos e ausência de grandes nomes governistas, a disputa se afunilou nos últimos meses entre três nomes: Sergio Massa, atual ministro da economia que carrega tanto a bandeira de uma continuidade do peronismo quanto o fardo da má situação econômica; Patricia Bullrich, candidata do macrismo, que se coloca como figura conservadora linha-dura mas que também enfrenta dificuldades pelos maus resultados da economia sob o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019); e, finalmente, Javier Milei, o outsider de ultradireita que se tornou um fenômeno eleitoral ao criticar agressivamente os tradicionais grupos políticos do país e defender propostas radicais como a dolarização da Argentina e a extinção do Banco Central.

Como funciona a votação

Cerca de 35 milhões de eleitores foram convocados para as eleições deste domingo. Além do pleito presidencial, os argentinos elegeram metade dos membros da Câmara dos Deputados, um terço do Senado e uma série de governadores provinciais.

No caso da eleição presidencial, o sistema eleitoral argentino, em contraste com o brasileiro, prevê que um candidato possa ser eleito já em primeiro turno mesmo sem 50% mais 1 dos votos válidos.

Na Argentina, existem dois cenários para a vitória de um candidato ainda na primeira rodada.

No primeiro, o presidenciável alcança a vitória se obtiver 45% dos votos. No segundo, o candidato também é declarado vencedor caso alcance 40% dos votos mais uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Nesse último cenário, por exemplo, um candidato com 40% vence se o segundo não passar de 30%.

Pelas últimas pesquisas eleitorais, nenhum dos três principais candidatos mostrou ser capaz de alcançar os patamares para ganhar já no primeiro turno. O cenário se confirmou e haverá um segundo turno, previsto para 19 de novembro, com os dois primeiros colocados – Massa e Milei. O próximo presidente tomará posse em 10 de dezembro, para um mandato de quatro anos.

jps/rk (ots)