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Década de 2010 deve bater recorde de calor, alerta ONU

3 de dezembro de 2019

Dados da Organização Meteorológica Mundial apontam ainda que ano de 2019 poderá terminar entre os três mais quentes da história. Em meio à COP25 em Madri, secretário-geral da entidade pede ações urgentes pelo clima.

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Termômetro contra o céu
A temperatura média global registrada entre janeiro e outubro deste ano foi 1,1 °C acima dos níveis pré-industriaisFoto: picture-alliance/dpa/HMB Media/O. Mueller

Ondas de calor, secas, incêndios florestais: esta década deverá ser a mais quente já registrada na história, segundo alertou nesta terça-feira (03/12) a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência das Nações Unidas.

"Não estamos em lugar algum perto da rota de alcançar as metas do Acordo de Paris", afirmou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, ao apresentar os dados durante a 25ª edição da Cúpula do Clima (COP25), em Madri. "Se não tomarmos providências urgentes pelo clima agora, estaremos rumando para um aumento de temperatura de mais de três graus até o final do século."

Taalas apresentou um relatório anual da OMM que descreve as maneiras pelas quais as mudanças climáticas estão superando a capacidade da humanidade de se adaptar a elas.

Segundo o levantamento, a temperatura média global registrada entre janeiro e outubro deste ano foi 1,1 °C acima dos níveis pré-industriais, o que significa que 2019 poderá ser o segundo ou terceiro ano mais quente desde 1850, quando se iniciaram as medições. A avaliação dos dados do ano inteiro só será fechada em março de 2020.

O relatório indica ainda que a tendência de aquecimento se mantém desde os anos 1980 e que cada década vem sendo sempre "mais quente do que a anterior".

A OMM também reiterou um alerta divulgado pela entidade na semana passada, apontando que em 2018 a concentração na atmosfera de gases de efeito estufa bateu recorde, aumentando mais rápido do que a média registrada na última década.

As emissões de origem humana, como queima de combustíveis fósseis, construção de infraestrutura, cultivo e transporte de mercadorias, poderão fazer com que 2019 quebre o recorde de concentrações atmosféricas de carbono, bloqueando ainda mais o aquecimento, segundo a agência da ONU.

Os oceanos, que absorvem 90% do excesso de calor produzido pelos gases de efeito estufa, estão agora com as temperaturas mais altas já registradas.

Com isso, os mares globais, de acordo com a OMM, estão 26% mais ácidos do que há 150 anos, ameaçando ecossistemas marinhos vitais nos quais bilhões de pessoas dependem de comida e emprego.

Em outubro, o nível global do mar foi o mais alto já registrado, alimentado principalmente pelas 329 bilhões de toneladas de gelo que derreteram em 12 meses na Groenlândia.

O relatório afirma ainda que mais de 10 milhões de pessoas foram deslocadas dentro de seus países no primeiro semestre de 2019 – sete milhões diretamente devido a eventos climáticos extremos, como tempestades, inundações e secas.

Até o final do ano, a OMM prevê que novos deslocamentos devido a condições climáticas extremas podem afetar 22 milhões de pessoas. "Mais uma vez em 2019, os riscos relacionados ao clima nos afetam fortemente", disse Taalas. "Ondas de calor e inundações que costumavam ocorrer 'uma vez em um século' estão se tornando ocorrências mais regulares."

Com temperaturas apenas cerca de 1 °C superiores aos tempos pré-industriais, 2019 já registrou ondas de calor mortais na Europa, Austrália e Japão; tempestades devastam o sudeste da África; e incêndios florestais estão fora de controle na Austrália e na Califórnia.

MD/afp/dpa

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