1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Brasil confirma primeiro caso do novo coronavírus

26 de fevereiro de 2020

Homem de 61 anos que vive em São Paulo e viajou à Itália foi diagnosticado com Covid-19 em teste inicial e em segundo exame de contraprova, diz Ministério da Saúde. Trata-se do primeiro caso do vírus na América Latina.

https://p.dw.com/p/3YROS
Mãos com luvas seguram tubo com sangue e etiquete indicando coronavírus
Paciente em São Paulo apresentou sinais e sintomas compatíveis com a suspeita de Covid-19, como febre e tosse secaFoto: Reuters/D. Ruvic

O Ministério da Saúde confirmou nesta quarta-feira (26/02) o primeiro caso no Brasil do novo coronavírus causador da doença Covid-19. Trata-se de um homem de 61 anos, residente em São Paulo, que viajou a trabalho à Itália de 9 a 21 de fevereiro. 

Após um primeiro teste, realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, dar positivo nesta terça-feira, um exame de contraprova também indicou a doença, confirmou o ministério. Trata-se do primeiro caso de Covid-19 na América Latina.

O Ministério da Saúde comunicou que o hospital registrou a notificação do caso suspeito da doença na tarde desta terça-feira e "adotou todas as medidas preventivas para transmissão por gotículas, coletou amostras e realizou testes para vírus respiratórios comuns e o exame específico para Sars-Cov-2", nome do novo coronavírus.

Após os resultados preliminares darem positivo, o hospital enviou a amostra para o laboratório de referência nacional, o Instituto Adolfo Lutz, para contraprova. A análise laboratorial confirmou a infecção.

Segundo o ministério, o homem apresentou sinais e sintomas compatíveis com a suspeita de Covid-19, como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza. "O paciente está bem, com sinais brandos e recebeu as orientações de precaução padrão", diz comunicado emitido na terça.

Em nota, o Hospital Albert Einstein afirmou nesta quarta que o paciente "encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias", o que corresponde ao período de incubação do vírus.

O paciente está em casa. "A equipe médica segue monitorando-o ativamente, assim como as pessoas que tiveram contato próximo com ele", diz o hospital.

Numa coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, afirmou que, diante da confirmação, o governo está analisando o comportamento do vírus e redobrou a vigilância, além de reforçar os preparativos para o atendimento. Mandetta disse ser possível que o número de casos aumente no Brasil devido à cifra de países que estão registrando a doença.

"É uma gripe, mais uma gripe que vamos atravessar. E sua transmissão é similar à de gripes que a humanidade já superou. Com certeza vamos passar por essa situação investindo em pesquisa, ciência e clareza de informações", reforçou o ministro.

Mandetta explicou que as autoridades optaram por colocar o doente em isolamento domiciliar devido a sua boa condição clínica para evitar riscos desnecessários a pacientes internados. "Temos que levar pessoas com quadro respiratório grave para o ambiente hospitalar, mas não pessoas que estão com resfriado, em bom estado geral, se alimentando e com febre baixa."

O ministro afirmou também que os passageiros que estavam no avião junto com o infectado ficaram apenas em observação e não em quarentena. O ministro disse que não haverá mudanças em procedimentos nos aeroportos e nem um bloqueio dos países suspeitos.

"A regra continua sendo: se tem sintomas, não viaje. Viajou? Informe as autoridades quando chega. Passou 14 dias da chegada, se sentir sintomas, procure a rede de saúde da sua cidade", acrescentou.

O ministro recomendou ainda que aglomerações desnecessárias sejam evitadas e que a higiene, principalmente a lavagem das mãos, seja aumentada.

O número de infecções pelo novo coronavírus, descoberto em dezembro na China, passa de 80 mil, e mais de 2,7 mil pessoas morreram em decorrência da doença respiratória por ele provocada. Até agora, a Covid-19 já foi diagnosticada em cerca de 30 países e territórios, mas a China concentra a grande maioria das ocorrências.

Nos últimos dias, justamente quando o paciente brasileiro esteve na Itália, o número de casos começou a explodir no país europeu. Já são mais de 370 infecções e 12 mortes em território italiano. O brasileiro esteve na Lombardia, no norte do país, região que é foco do surto.

Nesta segunda-feira, o Ministério da Saúde ampliou os critérios para definição de caso suspeito para o novo coronavírus, passando a incluir pessoas que apresentem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar.

O ministério também inclui novos países na lista de alerta para o coronavírus, considerando casos suspeitos pessoas que, além de apresentarem sintomas, vierem de Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália e Malásia. Na sexta-feira, a pasta já havia incluído Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja na lista, além da China.

O Ministério da Saúde já investigou e descartou mais de 50 casos suspeitos do novo coronavírus no país, após exames laboratoriais apresentarem resultados negativos. Atualmente, são analisadas 20 suspeitas, a maioria delas, 11, em São Paulo. Todos são pacientes que chegaram da Itália nos últimos dias.

As 34 pessoas que foram repatriadas da cidade chinesa de Wuhan, epicentro da doença, para o Brasil foram liberadas no último fim de semana após ficarem em quarentena por 18 dias em uma base militar de Anápolis, Goiás, e testes para o novo coronavírus darem negativo.

LPF/CN/ots

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 
App | Instagram | Newsletter