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Coronavírus pode ser transmitido a oito metros, diz estudo

24 de julho de 2020

Pesquisadores analisam surto em frigorífico alemão e revelam que transmissão do vírus não depende apenas de proximidade social, mas também das condições do ambiente.

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Funcionário com máscara, touca e avental em frente a vários pedaços de carne pendurados
Trabalho extenuante, baixa temperatura e pouca circulação de ar facilitaram a propagação do novo coronavírus no frigoríficoFoto: picture-alliance/dpa/Tönnies

Apenas um funcionário infectado transmitiu o novo coronavírus num raio de oito metros dentro do maior frigorífico da Alemanha, revelou um estudo divulgado nesta quinta-feira (23/07), que mapeou o surto de covid-19 que ocorreu no local. Em junho, mais de 1,4 mil funcionários do Tönnies, em Rheda-Wiedenbrück, na Renânia do Norte-Vestfália, testaram positivo para a doença.

De acordo com os pesquisadores, as condições de trabalho no frigorífico tiveram um papel decisivo no surto. A principal transmissão ocorreu na região de corte, onde o ar circula a 10°C. Além disso, há pouca circulação de ar fresco no local. Essas características, somadas ao trabalho físico extenuante, teriam facilitado a propagação do vírus.

"Sob essas condições, uma distância de 1,5 a três metros por si só, obviamente, não é suficiente para impedir a transmissão", afirmou Adam Frundhoff, um dos coautores do estudo realizado pelo Centro Helmholtz de Pesquisa de Infecções (HZI), de Braunschweig, em parceira com o Hospital Universitário de Hamburgo-Eppendorf (UKE) e o Instituto Leibniz para Virologia Experimental (HPI).

A pesquisa revela que a transmissão da covid-19 em áreas de trabalho não depende apenas de proximidade social, mas de outros fatores, como as condições de determinado ambiente.

"Nosso estudo lança luz sobre infecções por SARS-CoV-2 numa área de trabalho na qual vários fatores se encontram, permitindo a transmissão em distâncias relativamente longas. A questão importante agora é saber sob quais condições os eventos de transmissão são possíveis a longas distâncias", disse a virologista Melanie Brinkmann, diretora de pesquisa do HZI.

Ao contrário do que se suspeitava, os pesquisadores descartam que as condições de moradia dos trabalhadores tenham desempenhado um papel importante na fase inicial nos surtos.

Mais de 2,1 mil infecções registradas na região do frigorífico foram relacionadas com o surto que ocorreu no local em junho.

De acordo com o estudo, dois trabalhadores do Tönnies tiveram contato com funcionários de um matadouro em Dissen, na Baixa Saxônia, onde vários casos de covid-19 foram contabilizados na época. Eles relataram o fato à gerência, que não considerou o risco alto. Assim, os dois seguiram trabalhando. Três dias depois, ambos receberam o resultado positivo para o coronavírus e, somente então, entraram em quarentena, juntamente com os colegas com os quais dividiam apartamento.

Alguns dias depois, outros funcionários testaram positivo, o que acabou resultando num surto com mais de 1,4 mil infectados. O incidente é o chamado evento superpropagador, quando uma única pessoa infecta várias outras.

De acordo com análises genéticas, o estudo indica ser muito provável que apenas um dos dois funcionários infectados inicialmente tenha espalhado o vírus.

O surto levou ao fechamento do maior frigorífico da Alemanha por dias e impulsionou o debate sobre as condições de trabalho nestes locais. Com a discussão, o governo alemão apresentou uma série de propostas de mudança para o setor. 

Nesta sexta-feira, após quase 7 mil funcionários ficarem em confinamento, o Tönnies voltou a apresentar uma onda de infecções. Pelo menos 24 novos casos foram confirmados.

LE/dpa/ots

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