1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Angola: Qual a solução para a situação de Cabinda?

25 de julho de 2020

O caso Cabinda parece não ter fim à vista: A FLEC reafirma que há conflito no enclave angolano, mas Luanda nega. Em entrevista à DW, o movimento de libertação apela à comunidade internacional para o fim do diferendo.

https://p.dw.com/p/3fu7u
Foto: picture alliance/robertharding/M. Runkel

Nos últimos tempos, a região petrolífera de Cabinda tem sido palco de alguns confrontos entre as Forças Armadas Angolanas (FAA) e os soldados da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) e das Forças Armadas de Cabinda (FAC). E há relato de mortes.

Mas, Pedro Sebastião, ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente angolano, João Lourenço, disse, recentemente, que não "há instabilidade em Cabinda". 

A negação das autoridades leva Emanuel Nzita, presidente da FLEC, a questionar: "Porque que continuam estacionados milhares de soldados angolanos em todo espaço do território de Cabinda? Porque que continuma a morrer angolanos em Cabinda em confortos militares em todo territorio de Cabinda? Porque os soldados angolanos continuam a violar os limites fronteiriços dos dois congos vizinhos?".

Cabinda: "Medo, isso é coisa do passado!"

Em entrevista á DW África, Emanuel Nzita diz que a sua organização está aberta ao diálogo com o Governo central, apesar deste manifestar indiferença. "A FLEC esteve sempre disposta para uma solução negocial com o Governo angolano. Nós estamos mais que prontos".

Soluções para o diferendo

Muitas soluções já foram ensaiadas para se resolver a situação da região do Maiombe. Entre elas, a criação do Fórum Cabindês para o Diálogo, em agosto de 2004. Mas parece não ter surtido o efeito desejado. Assim, Emanuel Nzita, apela a mediação da Organização das Nações Unidas (ONU). "Pedimos a comunidade internacional para que nos ajude com forma têm feito em outros países".

Karte Angola mit den 18 Provinzen Portugiesisch

Para Salvador Freire, presidente da Associação Cívica "Mãos Livres", as conversações são a melhor via para se encontrar a solução para o "caso Cabinda" e entende que uma "guerra como tal, não existe na região".

"Diálogo local entre as autoridades, a sociedade civil e o próprio Governo angolano, sentar com os cabindas, com os angolanos em Cabinda, para encontrarmos a solução para o desenvolvimento do nosso país", sugere Freire.

Condições de vida em Cabinda

Muitos cidadãos queixam-se das péssimas condições de vida e de uma suposta falta de garantias para o exercício de direitos e liberdades como, por exemplo, a manifestação. Por isso exigem a sua independência de Angola. Salvador Freire, propõe uma autonomia para região, embora entenda que a sua implementação deve ser debatida. "Autonomia requer muito cuidado, muita atenção, discernimento porque o petróleo, como tal, pode acabar no território de Cabinda".

Cabinda é um dos principais fornecedores de petróleo, principal fonte do Orçamento Geral do Estado angolano, com mais de 70 % das receitas tributárias.