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Arranca em Bissau julgamento de caso de tráfico de droga

Iancuba Dansó (Bissau)
25 de fevereiro de 2022

Começaram a ser julgadas em Bissau as sete pessoas detidas em novembro de 2021 por alegado tráfico de droga. Autoridades procuram perceber proveniência dos mais de 900 quilos de cocaína que foram entretanto apreendidos.

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Landgericht Bissau
Foto: Iancuba Dansó/DW

A PJ guineense acredita que a droga terá chegado à Guiné-Bissau, a partir de uma rede internacional, com ramificações na Bolívia, passando pelo Brasil, Senegal, Gâmbia, Serra-Leoa até Bissau.

A operação de novembro passado foi denominada pela Polícia Judiciária de "RED". Trata-se de um dos casos de tráfico de droga mais mediáticos no país, tendo sete pessoas como suspeitas, entre as quais um oficial da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) e um funcionário de uma das companhias áreas que operam na Guiné-Bissau. 

Depois de mais de sete horas de discussão, na primeira sessão de julgamento do caso, Mussa Sanhá, advogado de três dos sete réus, fez o ponto de situação aos jornalistas: "Aconteceu a detenção dos suspeitos que estão a ser acusados pelo crime de tráfico de droga. Mas o que foi objeto da primeira discussão a nível do julgamento, os elementos que foram apresentados e discutidos foram totalmente diferentes dos elementos que constam da acusação."

A primeira sessão do julgamento dos suspeitos do tráfico de droga foi suspensa, esta quinta-feira (24.02), para ser retomada na próxima semana, no dia 3 de março.

Rede desmantelada pela PJ

Os suspeitos começaram a ser julgados cerca de três meses depois de a rede do tráfico, da qual alegadamente fazem parte, ter sido desmantelada pela Polícia Judiciária. 

"Maior apreensão de sempre" de cocaína na Guiné-Bissau

O jurista Cabi Sanhá enaltece a "vontade" das autoridades guineenses em combater o tráfico de droga no país. "É um processo tão complexo; e com os parcos meios investigativos de que dispomos, estamos a falar de um prazo de menos de três meses e o processo já está em fase de julgamento."

"As autoridades deram um prenúncio de quererem fazer alguma coisa e demonstrar à comunidade internacional que estão efetivamente empenhados em resolver e combater, de facto, esta problemática de droga", elogia Cabi Sanhá.

Problema continua

Apesar do início do julgamento, Abílio Có Junior, secretário executivo do Observatório Guineense da Droga e Toxicodependência, diz que o problema continua.

"Sem sombras de dúvida, a questão do consumo e tráfico de droga é um problema sério na Guiné-Bissau, porque nós vemos muitas pessoas, sobretudo elementos das forças da defesa e segurança, políticos e empresários envolvidos no tráfico de droga e crime organizado", sublinha.

Para Abílio Júnior, é preciso "levar a sério" o combate ao tráfico de droga, um fenómeno que "está a levar este país para o caos", diz. "Vamos chegar a um determinado ponto em que a lei da selva é que vai imperar na Guiné-Bissau e as redes do tráfico de droga vão tomar conta do país", alerta.

Preocupado com o problema, o governo guineense criou, em 2018, uma comissão técnica para a elaboração do plano nacional de luta contra o tráfico de droga. A equipa era constituída por magistrados judiciais, PJ e membros das organizações da sociedade civil.

PAIGC envolvido no tráfico de droga na Guiné-Bissau?