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PolíticaBurundi

Burundi acusa Ruanda de apoiar rebeldes em ataques

Lusa
30 de dezembro de 2023

O Presidente do Burundi, Évariste Ndayishimiye, acusou o Ruanda de apoiar os rebeldes que são acusados de terem efetuado ataques no seu território, incluindo um ataque mortal há uma semana.

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Évariste Ndayishimiye, Presidente do Burundi
Évariste Ndayishimiye, Presidente do BurundiFoto: Tchandrou Nitanga/AFP/Getty Images

De acordo com o Burundi, o grupo RED-Tabara (Resistência para um Estado de Direito no Burundi) lançou um ataque a 22 de dezembro perto da fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), matando 20 pessoas, incluindo mulheres e crianças.

"Estes grupos armados foram abrigados e receberam ajuda em termos de alimentação, alojamento e também dinheiro do país que os acolheu. Estou a falar do Ruanda", declarou Ndayishimiye durante uma visita ao leste do Burundi relatada pelos meios de comunicação social locais.

"O que é que as pessoas que matam cidadãos comuns querem? Porquê matar crianças de três anos, uma criança ainda no ventre da mãe? Eles são terroristas. E temos de os combater com toda a nossa energia", acrescentou.

Em resposta a estas acusações, num comunicado na rede social X (antigo Twitter), o RED-Tabara negou ter matado civis ou ser apoiado por um país estrangeiro.

O RED-Tabara, o principal grupo armado que combate o regime liderado por Évariste Ndayishimiye, tem uma base na província de Kivu do Sul, no leste da RDC, e é atualmente o grupo rebelde mais ativo no Burundi, com uma força estimada entre 500 e 800 combatentes.

"Eu disse ao Ruanda que devia saber que, se continuar a ajudar alguém que está a matar crianças, está a alimentar o vírus do ódio entre os povos destes dois países", disse Ndayishimiye. 

O Presidente acrescentou que há dois anos que tenta em vão persuadir Kigali a entregar os rebeldes para que possam ser julgados.

"Penso que o futuro é sombrio para o país que os está a ajudar", acrescentou, sem desenvolver.

O Governo do Burundi sublinhou que todas as vítimas do ataque de 22 de dezembro na cidade de Vugizo, exceto uma, eram civis, incluindo 12 crianças e três mulheres, duas das quais estavam grávidas.

O RED-Tabara reivindicou a responsabilidade numa mensagem na rede social X, dizendo que tinha atingido um posto fronteiriço e matado nove soldados e um polícia. 

A 11 de dezembro, registaram-se também trocas de tiros entre combatentes do RED-Tabara e soldados no noroeste do Burundi.

O grupo rebelde é acusado de levar a cabo operações mortíferas neste país da África Oriental desde 2015, mas não tem estado ativo desde setembro de 2021, altura em que se registaram uma série de ataques, incluindo contra o aeroporto da principal cidade, Bujumbura.

As relações entre o Burundi e o Ruanda têm sido frequentemente tumultuosas. 

Registou-se uma ligeira melhoria após a subida ao poder de Ndayishimiye, em 2020, mas desde então as relações voltaram a deteriorar-se quando o Burundi enviou tropas para ajudar a combater os rebeldes M23 (23 de Março) no leste da RDC.

O Burundi juntou-se a uma força regional da África Oriental destacada em novembro de 2022 para reprimir a violência na RDC, mas os seus soldados retiraram-se no início deste mês depois de Kinshasa se ter recusado a prolongar o mandato da missão.