1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Friends of Angola preocupada com violações da Constituição

Lusa
8 de janeiro de 2024

A organização não-governamental Friends of Angola expressou preocupação com os sistemáticos atos de violação da Constituição angolana, em particular o rapto da ativista Laurinda Gouveia, depois de um protesto pacífico.

https://p.dw.com/p/4ayu7
Ativista angolana Laurinda Gouveia (terceira a contar da esquerda)
Ativista Laurinda Gouveia (terceira a contar da esquerda)Foto: Privat

"É com bastante preocupação que a Friends of Angola (FOA) tomou conhecimento, mais uma vez, do rapto da ativista Laurinda Gouveia, seu esposo e seu filho de dois anos de idade, quando tentavam apanhar o táxi após terem participado numa manifestação pacífica, no dia 4 de janeiro do corrente ano", refere-se na nota de repúdio enviada ao Presidente angolano, João Lourenço.

Em causa está a tentativa de uma marcha marcada para quinta-feira (04.01) passada, em Luanda, que visava denunciar e reclamar a detenção dos ativistas Adolfo Campos, Gildo da Silva Moreira "Tanaice Neutro", Hermenegildo André "Gildo das Ruas" e Abraão Pedro Santos, detidos em setembro de 2023 por tentarem organizar uma manifestação pacífica em Luanda, e da influenciadora digital Ana Miguel "Neth Nahara". 

Laurinda Gouveia e o seu marido foram absolvidos, na sexta-feira (05.01), pelo Tribunal Provincial de Luanda, dos crimes de injúria aos órgãos de soberania e desobediência à ordem de dispersão, de que estavam acusados.

A FoA lamentou também a situação do advogado Zola Bambi, que na sexta-feira passada foi levado para uma esquadra por efetivos da polícia, onde ficou retido por várias horas.

Advogado Zola Bambi (à esquerda) com Rafael Morais, coordenador da SOS Habitat
Advogado Zola Bambi (à esquerda) com Rafael Morais, coordenador da SOS HabitatFoto: Borralho Ndomba/DW

"Executivo tem sido o maior violador da Constituição"

"É de conhecimento público que Angola vive uma crise judicial e que o poder executivo tem sido o maior violador da Constituição e dos direitos fundamentais dos angolanos, incluindo o direito de liberdade de reunião, expressão, pensamento e de uma vida com dignidade", realça-se na nota. 

Ao Presidente angolano, a organização sublinha que "o poder executivo não pode continuar a usar as instâncias judiciais, a Polícia Nacional, o Serviço de Inteligência e Segurança do Estado e o governador provincial de Luanda como um mero instrumento para prender quem tem uma opinião diferente, nem para intimidar angolanas e angolanos descontentes com a governação atual e cultivar terror e cultura de medo a todas e todos que usam o direito constitucional para se manifestarem de forma pacífica".

A organização destaca que estas violações sistemáticas têm vindo a crescer em Angola, em particular durante o mandato do atual Presidente da República, "e é, sem dúvida, uma violação da Constituição angolana e das normas internacionais de direitos humanos".

De acordo com a FoA, as recentes detenções ou prisões ilegais de cidadãos angolanos, baseadas no artigo 333.º do novo Código Penal angolano, "que condena "ofensas" contra a figura do Presidente da República e outros órgãos de soberania, não coloca apenas um obstáculo à liberdade de expressão e de manifestação, mas é também um exemplo recente de que Angola está distante de ser um Estado Democrático de Direito".

A FoA exigiu às autoridades angolanas a abertura de um inquérito para se apurar a veracidade dos factos e levar à justiça os responsáveis ?pelas violações sistemáticas da Constituição angolana porque constituem "uma clara violação dos direitos humanos universalmente reconhecidos, tais como o direito à liberdade de expressão, reunião e pensamento".

Tanaice Neutro: "O povo angolano já acordou"

 

Saltar a secção Mais sobre este tema