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Amazônia tem maior área desmatada em uma década

24 de novembro de 2018

Taxa de devastação aumenta 13,7% em um ano, com área desmatada mais de cinco vezes maior que a cidade de São Paulo. Pará é o estado mais atingido. Greenpeace alerta que cenário pode ficar pior no governo Bolsonaro.

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Árvores derrubadas na Amazônia
No total, 7.900 km² foram devastados entre julho de 2017 e agosto de 2018Foto: Getty Images/AFP/A. Scorza

O desmatamento na Amazônia aumentou 13,7% entre agosto de 2017 e julho deste ano. No total, 7.900 km² foram devastados, o que corresponde à maior área de floresta derrubada em um ano na última década, apontam dados preliminares divulgados pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) nesta sexta-feira (23/11).

No período anterior, o desmatamento havia atingido 6.947 km². A área devastada no último ano é a maior desde 2008, quando 12.911 km² foram atingidos. A maior taxa anual registrada nos últimos 30 anos foi a de 1995, de 29.059 mil km², e menor, a de 2012, de 4.571 km².

Os estados que apresentaram os índices mais elevados de desmatamento no último ano foram Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas, nesta ordem. Somente no território paraense, 2.840 km² foram desmatados, o que corresponde a 36% do total.

"O recrudescimento do crime organizado que atua no desmatamento ilegal da Amazônia, destruindo as riquezas naturais do país e causando danos para toda sociedade, está associado a outras práticas criminosas, como tráfico de armas e animais, trabalho escravo, evasão de divisas e lavagem de dinheiro”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte.

"Além de intensificar as ações de fiscalização conforme o governo federal vem fazendo nos últimos anos, precisamos ampliar a mobilização de todos os níveis de governo, da sociedade e do setor produtivo no combate aos ilícitos ambientais e na defesa do desenvolvimento sustentável do bioma", acrescentou.

A medição do território desmatado é feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). As imagens do satélite registram as áreas em que a cobertura florestal primária foi completamente removida em mais de 6,25 hectares, independente da finalidade.

Ações de combate

Os ministérios ponderam que, apesar de ter aumentado em relação ao ano passado, o desmatamento registrado em 2018 corresponde a uma redução de 72% em relação à taxa de 2004, de 27.772 km², quando o governo federal iniciou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).

Segundo nota do Ministério do Meio Ambiente, as ações de fiscalização ambiental e de combate ao desmatamento na Amazônia foram intensificadas desde o ano passado. O número de autuações pelo Ibama, por exemplo, aumentou 6%, destacou o ministério. O volume de madeira apreendida subiu 131%, e o de equipamentos apreendidos, 183% em relação aos resultados das operações contra ações ilegais do ano anterior.

As ações de fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) também foram intensificadas, segundo a pasta. No último ano, também foram instaurados pela Polícia Federal mais de 820 procedimentos contra crimes relacionados ao desmatamento ilegal, como lavagem de dinheiro, tráfico de armas, drogas e animais e trabalho escravo.

Greenpeace alerta contra governo Bolsonaro

Declarações feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro em relação ao meio ambiente vem preocupando ambientalistas. O presidente já se disse favorável à saída do Brasil do Acordo de Paris sobre o clima, por exemplo, e há anos critica normas ambientais supostamente rigorosas demais, que atravancariam o setor agrícola, tendo prometido dar fim à "indústria da multa”.

Bolsonaro chegou a anunciar a fusão dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, mas voltou atrás porque a proposta não agradava nem o setor agropecuário nem os ambientalistas. Mas a subordinação das questões ambientais aos interesses do setor agropecuário parece certa no futuro governo.

Neste sábado, a organização ambiental Greenpeace afirmou que a Amazônia brasileira está sob ameaça caso o Congresso aprove projetos apoiados por Bolsonaro. "Tudo o que funcionou no combate contra a destruição da floresta está sob ameaça", disse Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas da Greenpeace Brasil, em comunicado.

Segundo a organização, os projetos que ameaçam a Amazônia brasileira e que podem ser aprovados pelo Congresso estão relacionados com a flexibilização do licenciamento ambiental no Brasil, a redução de áreas protegidas, a paralisação das demarcações de terras indígenas, entre outras.

"Esse conjunto de propostas beneficia aqueles que vivem do desmatamento da floresta, da apropriação ilegal das terras e do roubo do património natural dos brasileiros. As consequências estão agora traduzidas nos números da destruição da Amazômania", disse Astrini.

O Greenpeace frisa que a área perdida na Amazônia no último ano, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira, equivale a 987.500 campos de futebol ou 5,2 vezes o tamanho da cidade de São PAulo.

"Os números da destruição, que já eram altos e inaceitáveis, ficaram ainda piores. Grande parte das respostas para esse aumento estão em Brasília, é a partir do centro de poder que vem parte do estímulo constante ao crime ambiental nos recantos da Amazônia", disse o coordenador de políticas públicas da Greenpeace.

LPF/abr/lusa/ots

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