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Bayer vai pagar R$ 53 bi para encerrar ações sobre glifosato

24 de junho de 2020

Multinacional alemã havia herdado dezenas de milhares de processos nos EUA após comprar a Monsanto, antiga fabricante do agrotóxico Roundup. Apesar do acordo, empresa continua afirmando que o produto é seguro.

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Symbolbild: Monsanto RoundUp
O herbicida Roundup. Produto da Monsanto virou uma dor de cabeça para Bayer depois de 2018Foto: Getty Images/AFP/J. Edelson

A gigante alemã do setor químico e farmacêutico Bayer anunciou nesta quarta-feira (24/06) que pretende direcionar mais de 10 bilhões de dólares (R$ 53 bilhões) para encerrar aproximadamente cerca de 95 mil processos nos EUA relacionados ao herbicida Roundup.

O produto produzido pela Monsanto – empresa adquirida pela Bayer em 2018, pelo valor de 63 bilhões de dólares – contém o polêmico agente químico glifosato, associado ao desenvolvimento de câncer.

"O acordo sobre o Roundup é a medida certa no momento certo para a Bayer acabar com um longo período de incerteza", disse o presidente-executivo da empresa, Werner Baumann. "A Bayer decidiu sabiamente solucionar o litígio em vez de tentar a sorte na Justiça americana", disse Feinberg.

O acordo deve encerrar cerca de 75% das ações judiciais envolvendo o Roundup nos EUA, que chegam a 125 mil processos. O acordo coletivo depende de aprovação do Tribunal Distrital dos Estados Unidos, na Califórnia.

Pelo acordo, a Bayer pagará entre 8,8 bilhões e 9,6 bilhões de dólares para encerrar 95 mil ações de advogados. Cerca de 1 bilhao de dólares também serão reservados para eventuais futuros acordos com queixosos.

O mediador do acordo, Ken Feinberg, disse que cerca de 25.000 reclamações envolvendo o Roundup continuam sem solução, mas a empresa avalia que a Bayer não deve enfrentar nenhum julgamento nos próximos meses.

Nos últimos dois anos, a Bayer defendeu repetidamente a segurança do herbicida, argumentando que estudos mostram que o glifosato é seguro. A empresa também disse que pretende continuar vendendo produtos da linha Roundup e que não planeja adicionar uma advertência sobre eventuais riscos de desenvolvimento câncer nas embalagens.

No entanto, o produto vem sofrendo resistência cada vez maior, especialmente na Europa. O governo alemão aprovou no ano passado banir o glifosato a partir de 2023. Em julho de 2019, a Áustria se tornou o primeiro país da União Europeia a banir completamente todos os usos do herbicida glifosato. A medida austríaca contou até mesmo com apoio da extrema direita e de legendas liberais.

Preocupações sobre seus riscos surgiram quando uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu em 2015 que o herbicida é provavelmente cancerígeno.

A Bayer tem sido atormentada por ações judiciais desde que adquiriu a Monsanto. A crise legal derrubou o valor das ações da gigante alemã. Os problemas não envolvem apenas o Roundupm, mas também outros produtos que eram fabricados pela Monsanto.

Nesta quarta-feira, a Bayer anunciou que também pretende encerrar acoes judiciais envolvendo seus produtos que usam o herbicida dicamba e o bifenilpoliclorado (conhecido como PCB), um produto extremamente tóxico usado em fluidos elétricos que foi fabricado pela Monsanto até 1977 – no Brasil, ficou conhecido pelo nome comercial Ascarel.

A empresa alemã reservou 400 milhões de dólares para encerrar os processos do dicamba e 650 milhões para as ações envolvendo o PCB.

JPS/ots

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