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Bolsonaro recua sobre fundir Ambiente e Agricultura

1 de novembro de 2018

Diante de repercussão negativa entre ambientalistas e o próprio agronegócio, presidente eleito admite possibilidade de manter as duas pastas e diz que não indicará como ministro "xiita" ambiental.

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Jair Bolsonaro
Bolsonaro diz que ideia da fusão “pelo que parece será modificada”Foto: Reuters/R. Moraes

Após provocar críticas de ambientalistas e do próprio agronegócio, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) recuou nesta quinta-feira (01/11) sobre fundir o Ministério do Meio Ambiente com a pasta da Agricultura.

"Havia uma ideia de fusão, mas pelo que parece será modificada. Pelo que tudo indica, serão dois ministérios distintos", disse Bolsonaro, numa entrevista a emissoras de televisão católicas.

O presidente eleito afirmou ainda que escolherá um ministro que proteja o meio ambiente, mas que não tenha um caráter "xiita", como, segundo ele, teria ocorrido em governos anteriores.

"O Brasil é o país que mais protege o meio ambiente. Nós pretendemos proteger o meio ambiente, sim, mas não criar dificuldades para o nosso progresso", alegou Bolsonaro.

A ideia da fusão dos dois ministérios surgiu ainda durante a campanha, no entanto, diante da repercussão negativa, Bolsonaro disse que poderia manter as pastas separadas. "Eu quero o que seja melhor para o campo e para o meio ambiente", afirmou na ocasião.

Após a eleição, a proposta da fusão voltou à tona e na terça-feira o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), apontado como futuro ministro da Casa Civil, afirmou que a ideia de unificar as pastas sempre esteve nos planos e negou que o presidente eleito tenha mudado de opinião. 

O anúncio sobre a fusão foi imediatamente criticado no Twitter pela ambientalista e candidata derrotada à Presidência Marina Silva (Rede), que foi ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, no governo Luiz Inácio Lula da Silva.

"A decisão de fundir o Ministério do Meio Ambiente ao da Agricultura será um triplo desastre. Estamos inaugurando o tempo trágico da proteção ambiental igual a nada. Nem bem começou o governo Bolsonaro e o retrocesso anunciado é incalculável", escreveu.

A decisão foi criticada ainda pelos atuais ministros do Meio Ambiente, Edson Duarte, e da Agricultura, Blairo Maggi, que disse que a fusão prejudicaria o agronegócio brasileiro. Maggi destacou que o Brasil é "muito cobrado pelos países da Europa pela preservação do meio ambiente".

A fusão foi alvo de críticas de ONGs e ambientalistas, que argumentam que a medida poderia aumentar o desmatamento e a violência no campo. Até mesmo o agronegócio se posicionou contra a união dos ministérios, que poderia acarretar na perda de mercados de exportação.

No contexto brasileiro, os dois ministérios têm funções quase opostas. O do Meio Ambiente, além de combater o desmatamento e atuar na conservação dos diferentes biomas brasileiros, cuida de questões ligadas ao saneamento, controle da poluição, licenciamento de obras de infraestrutura, como hidrelétricas. O da Agricultura, por sua vez, é responsável pelo estímulo à agropecuária, ao agronegócio.

CN/ots

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