1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ucrânia investiga mais de 8 mil potenciais crimes de guerra

28 de abril de 2022

Equipe de especialistas liderada por procuradora-geral busca evidências que comprovem crimes cometidos por militares russos no país. Tortura e abusos sexuais estão entre violações relatadas aos investigadores.

https://p.dw.com/p/4AaEu
Um investigador veste roupas pretas, boné e um colete azul-marinho com a inscrição "war crimes - prosecutor", que quer dizer "crimes de guerra - investigador". Ele está em pé e de costas na imagem, e observa uma série de cadáveres que estão dentro de sacos plásticos pretos no solo, na cidade de Bucha, perto de Kiev.
Imagens de civis mortos e enterrados em Bucha chocaram o mundo e são um dos crimes apontados pelos investigadores.Foto: Carol Guzy/ZUMA PRESS/dpa/picture alliance

Investigadores ucranianos afirmaram que já identificaram mais de 8 mil potenciais crimes de guerra cometidos pelo exército russo desde o início da invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro. A informação foi anunciada nesta quinta-feira (28/04) pela procuradora-geral do país, Iryna Venediktova, em entrevista à Deutsche Welle.

Venediktova investiga os possíveis crimes desde o começo da guerra. Ela disse que, precisamente, as estatísticas apontam 8,6 mil casos de violações, que vão desde a morte de civis, o bombardeio de infraestruturas e a tortura de civis, além de abusos sexuais e o uso de armas proibidas. Os números, porém, segundo ela, tendem a continuar aumentando.

"Na realidade, são 8,6 mil apenas em relação a crimes de guerra, e também outros 4 mil casos conectados a crimes de guerra", disse a procuradora.

No momento, mais de oito mil investigadores – entre integrantes de serviços de segurança do país, polícia nacional e especialistas estrangeiros – estão coletando evidências em toda a Ucrânia sobre esses episódios.

Esses profissionais, porém, ainda não têm acesso a territórios ocupados, que vêm sofrendo com intensas batalhas e bombardeios entre russos e ucranianos, como é o caso de Mariupol, no sudeste, e Donetsk e Lugansk, no leste do país. O que pôde ser averiguado nessas regiões, segundo Venediktova, foram dados a partir de entrevistas com pessoas que deixaram essas áreas.

Os especialistas também têm baseado a pesquisa em "conexões de rádio e áudios" do exército russo. Durante uma sessão na Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quarta-feira, a embaixadora dos EUA para a Justiça Criminal Global, Beth Van Schaack, alegou que há "informações confiáveis" de que podem ter ocorrido crimes de guerra em Donetsk.

"Temos informações confiáveis de que uma unidade militar russa que opera perto de Donetsk executou ucranianos que estavam tentando se render, em vez de levá-los sob custódia", disse Van Schaack.

A procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, caminha e gesticula enquanto conversa com um dos membros de sua equipe, formada por investigadores ucranianos e estrangeiros. São vários homens que cercam a procuradora. À esquerda, no primeiro plano, um deles está armado e faz a segurança da equipe.
Iryna Venediktova coordena equipe de especialistas ucranianos e estrangeiros na investigação de crimes de guerra na Ucrânia.Foto: Fadel Senna/AFP

"Putin é o principal criminoso de guerra do século 21"

Venediktova passou os últimos dois meses viajando por regiões não ocupadas da Ucrânia a fim de coletar indícios e provas para a investigação. Alguns dos casos que ela já investigou são os bombardeios russos a uma maternidade e a um teatro onde havia crianças tentando se proteger.

Em março, em entrevista à agência de notícias AFP, a procuradora-geral da Ucrânia classificou o presidente russo, Vladimir Putin, como "o principal criminoso de guerra do século 21".

Nesta quinta-feira, ela também anunciou que pelo menos dez soldados russos estão sob investigação por suspeitas de crimes de guerra cometidos em Bucha, nas proximidades da capital Kiev. Nesta cidade, dezenas de cadáveres de civis foram encontrados com as mãos atadas e enterrados, após a retirada das tropas russas, em imagens que chocaram o mundo.

Venediktova informou ainda que os casos serão processados nos tribunais domésticos da Ucrânia, mas que a maior recompensa seria a condenação em um tribunal internacional. A Ucrânia não é membro do Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, mas aceitou sua jurisdição no passado, deixando a porta aberta para a corte.

gb (AFP, DW)